O Facebook faz você sentir infelicidade, inveja ou solidão?
Dia 25/01 a TV Cultura entrou em contato comigo para gravar uma entrevista comentando um estudo recente, conduzido por pesquisadores de duas universidades alemãs. Nesta pesquisa, um a cada três usuários de redes sociais relataram sentir frequentemente sentimentos negativos, como frustração, irritação e solidão, ao acessar a rede. A principal causa de tais sentimentos era ver as fotos dos amigos em viagem de férias, seguida de vida social ativa.
Esses percentual (30% dos usuários) pareceu surpreender, pois redes sociais como o Facebook costumam ser vistas positivamente como fonte de entretenimento e socialização. Fiz uma enquete informal conversando com colegas, e um deles me disse que o Facebook o deprime, porque vê as pessoas sempre felizes, viajando para lugares maravilhosos, enquanto a vida dele parece tão sem graça… Outro disse que gosta de acessar o Facebook, ver fotos e ler mensagens, mas acaba sentindo-se muito só.
Durante a entrevista, mencionei um estudo conduzido pela psicóloga Sonja Lyubomirsky, uma pesquisadora bastante conceituada na Psicologia Positiva. Ela estudou um fenômeno chamado “comparação social” e verificou que nosso nível de felicidade é bastante afetado pela comparação que fazemos com os outros. Para avaliarmos nossa felicidade, não consideramos apenas o nosso próprio bem-estar, mas comparamos com as pessoas ao nosso redor.
A hipótese era de que as pessoas menos felizes se comparavam com as que estavam melhor do que elas, e as pessoas mais felizes se comparavam com quem estava pior. Os resultados foram surpreendentes: de fato, as pessoas menos felizes comparavam-se muito com as outras e olhavam sempre para quem estava melhor. Para elas, as outras pessoas pareciam sempre mais bonitas, mais carismáticas, mais inteligentes, mais bem-vestidas, mais bem-sucedidas etc. O resultado curioso, entretanto, foi em relação às pessoas mais felizes. Ao contrário do que se pensava, as pessoas felizes não se comparavam com quem estava pior do que elas. Na verdade, elas simplesmente NÃO se comparavam! Elas não precisavam de uma referência externa para saber se eram felizes ou não, pois utilizavam aquilo que a Psicologia chama de “referencial interno“.
Dicas para não se sentir mal no Facebook:
A repórter também me pediu dicas que eu pudesse dar para que as pessoas não se sentissem tão mal no Facebook. Ofereci 3 sugestões:
1) A primeira dica é lembrar que as fotos que você vê são aquelas que a pessoa escolheu a dedo entre as melhores que ela tirou. É claro que ela vai escolher uma foto onde ela está bonita, bem-vestida, cheia de amigos, em lugares paradisíacos e com cara de feliz. Lembre-se que a foto é um momento efêmero na vida da pessoa. Ela não vive isso 24 horas por dia, 365 dias por ano. Isso fará você sentir-se melhor.
2)A segunda dica é simplesmente não se comparar com ninguém. Siga o segredo das pessoas felizes: não se compare com ninguém, você não precisa disso para determinar se é feliz ou não.
Permissão para uma história: Quando eu praticava Aikidô, meu professor ensinou-nos uma lição que eu nunca mais esqueci. Ele disse algo mais ou menos assim: “Jamais se compare com os outros, pois você sempre irá se frustrar. Por quê? Porque sempre haverá alguém melhor do que você. E ainda que você seja o campeão mundial, o melhor do mundo, isso não se sustentará por muito tempo, pois logo surgirá alguém melhor do que você. Inevitavelmente, em algum momento alguém vai te superar, então não se compare com ninguém”.
Sábias palavras! Tenho contado muitas vezes essa história no consultório, principalmente para pacientes com baixa autoestima. Mesmo assim, alguns deles simplesmente não conseguem deixar de se comparar. Então, digo o seguinte: Não consegue deixar de se comparar? Tudo bem, então que tal comparar-se consigo mesmo no passado? Lembre-se de como você era no passado e veja como você está hoje. Veja o quanto você evoluiu, perceba o quanto você aprendeu, repare quantas habilidades você desenvolveu. Você verá que hoje é uma pessoa muito melhor do que era ontem.
3) A terceira dica é: Quando olhar as fotos felizes dos colegas no Facebook, ao invés de sentir inveja, que tal sentir-se feliz por eles estarem felizes? Afinal eles são seus amigos, não são? Você não os adicionou como amigos? Então temos mais é que nos sentirmos felizes e compartilharmos a felicidade deles!
Imagine o que aconteceria se nós mudássemos nossa atitude mental: ao invés de sentirmos inveja ou frustração, sentiríamos alegria. Considerando que pelo menos 90% das fotos postadas são de momentos felizes, imagine o quanto isso aumentaria nosso prazer e satisfação ao navegar pelo Face…
Por fim, gostaria de lembrar que, apesar de 30% dos entrevistados ter relatado sentimentos negativos, a grande maioria (70%) vivencia experiências positivas com as redes sociais, então que tal aproveitarmos o lado bom que a ferramenta nos proporciona?
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